Nas escolas clandestinas
Preparei-me pra estudar
Em casas de residência
estudando o b a bá
Muito fraca as condições
Até as apresentações
Não pude participar
Naquele tempo eu já tinha
As minhas invocações
Estudei com professoras
que me deu as instruções
gostei muito de estudar
até que pude chegar
no livro minhas lições
Naquele tempo brilhou em mim
um estrela que me conquista
Estudei literatura
Fiz pesquisa e entrevista
Eu paresia um lobisomem
Assim mesmo ganhei o nome
de poeta repentista
Não pude mais estudar
Faltou ferro pra o ferreiro
Que pra chegar no ginásio
precisava ter dinheiro
Era só o que se via
A classe social escrevia
Com tinta pena e tinteiro
Pião corrupio gala marte
Era a nossa brincadeira
Pulador cavalo de pau
E só andava na carreira
E do pai levava croque
Caçava com um badoque
porque não tinha a baladeira
E com o badoque matava
galinha d'água e marreca
Pulador balançador
outros jogava peteca
Menina com um cesto enfeitado
E um sabugo enrolado
dizendo que era a boneca
E o melhor divertimento
Tertúlia maneiro pau
Reisado São João da Roça
Embolador profissional
Corrida de jegue e cavalo
Cantoria de poeta e São Gonçalo
E toque de berimbau
As festas sociais era
De baixo de uma latada
No som de uma pé de bode
A animava a rapaziada
E tinha gente valente
Quando bebia aguardente
Ia até de madrugada
Quando puxava uma harmônica
Começava a brincadeira
Tinha muita gente armada
Mas dançava a noite inteira
Muitos para fazer graça
Bebia vinho e cachaça
E se pegava na peixeira
A nossa elegância era
Rarescida a caititu
Com uma camisa de saco
Sem cueca e quase nu
Fedendo e da cor do solo
A calça de suspenso lo
E currulepe de couro cru
Quem podia vestia laque
Naicro e algodãozinho
Volta ao mundo e arranca touco
Chita tergal e brinho
Tudo isso era moderno
Gazimira era pra terno
E o pobre vestia linho
um fogo no meio da casa
porque não tinha o gaz
Algodão com mamona pisada
clareava até de mais
Café torrado com rapadura
quando dava uma tontura
Chamava-se os restos mortais
Havia uma festa boa
Pra ir não era capaz
Com a elegância que tinha
Na formusura de um rapaz
Chega dava um desengano
O pobre com um conga de pano
E o rico comum vulca braz
Currulepe de pneu
Muito mal ganhava o pão
E com um cordão de rede
No lugar de um cinturão
Fino igualmente um pife
Até o pente era de chifre
E no bolço nem um tostão
Toda costura era na mão
Que até mãe ficou corcunda
Corria baba no queixo
Porque a boca ficou funda
E com um dedal no dedo
Costurava logo sedo
Os dois remendo na bunda
A parede era de taipa
que hoje o pessoal isola
Para tapar aquela casa
Juntava-se a corriola
Com os cipó era os amaros
O povo fazia o barro
e trazia na paviola
Paredes com tantas brechas
Que parecia um viveiro
Com ratos percevejo e aranha
Cascudo lacraia e mal cheiro
Piolho de cobra e rã
Pra eles era um talismã
Cobra sapo e barbeiro.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
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