quinta-feira, 25 de junho de 2009

Desespeiro de Simão


DESSESPEIRO DE SIMÂO
E todos desesperados
Já perderam a esperança
Mas é bem certo o dizer
Quem espera sempre alcança

De manhã um forasteiro
Procurando uns animais
Achou José todo cortado
E furado dos espinhais
Interrogou o menino
Pelo o nome do seus pais

Ele contou a história
Como ali foi parar
Ele botou José no ombro
E em casa foi deixar
Ficaram todos alegres
E Simão tratou de viajar

Despediu-se de todos ali
Sem pensar no futuro
Seus filhos nos casuais
Mortificando o murmuro
Em uma grande travessia
Existia um poço escuro
O poço era muito fundo
Um gari pé perigoso
E tinha muita piranha
No pé de um morro rochoso
Escorregadio e tinha cobra
E já era criminoso

A burra levando os meninos
E quando ela pode ver
A água desse poço
Disparou logo a correr
Que vinha morta de sede
E correu para beber

Com esta cena horrorosa
Mais uma atribulação
A burra entrou na água
Correu Izabel e Simão
Quando puxou no cabresto
Foi mais uma salvação

E quando chegou em casa
Sem saber o que fazia
A pobreza era tão grande
E dona Izabel dizia
Agora não sei quando
Eu vá na casa de Luzia

Joaquim Simão foi crescendo
Por todo mundo respeitado
Ajudando sua família
Trabalhando no roçado
E seu pai tinha orgulho
De seu filho predicado

Joaquim e seus irmãos
Se dedicaram a trabalhar
Mas Joaquim tinha desgosto
Por não puder estudar
Por que não tinha dinheiro
Pra uma escola pagar


MAIS UM SOFREMENTO DE SIMÂO

E o seu pai Simãozinho
Já no fim da semana
Ele saio com seus jumentos
Carregados de banana
Pra triunfo de Baixa verde
Foi uma tragédia tirana

Pensando em fazer a feira
Mas foi uma ilusão
Foi tocando o seus jumentos
N serra do boqueirão
Que por azar ele encontrou-se
Com a equipe de Lampião

Eles tomaram as bananas
E não podia reclamar
Um negro ainda lhe disse
Eu podia lhe matar
O chefe disse meu velho
Pra casa pode voltar

Chegou em casa contou
A história e muito bem
Izabel disse Simão
Viva Deus e mais ninguém
Gloria seja Jesus
Para século amem

Simão Zinho disse Izabel
Nós vamos sair daqui
Embora pra o Ceará
Pra zonas do cariri
Na terra de padrinho Cícero
Escapar lá com piquí

Aqui a seca é muito grade
E é correndo perigo
Izabel disse Simão
Tem um conselho de amigo
Que o pobre para onde vai
A pobreza vai com sigo

Tudo isso é verdade
È bom morar lá pra ver
Eu morei no Pernambuco
E ouvia o povo dizer
Que no Riacho do Navio
Passa Três anos sem chofer

Simãozinho preparou-se
Para puder viajar
Carregou os seus jumentos
Despedindo do lugar
E de lá já fez partida
Com destino o ceará
Deixando suas lembranças
Em algumas coisas em retrato
De pé tocando os jegues
Por vereda e por regato
E na divisa ainda disse
Adeus Pernambuco ingrato

Com muitos dias de viagem
Chegaram no Juazeiro
Na terra do padre Cícero
Sem moradia e sem dinheiro
E com ordem de seu padrinho
Foi parar no tabuleiro


JOAQUIM SIMÂO NO TABULRIRO

Foi morar na casa grande
Tudo é realidade
Em 1930
Tudo com capacidade
Joaquim Simão já contava
17 anos de idade

Joaquim Simão segurou
Era na foice e na enxada
José Simão negociando
Pra ele não faltava nada
O que pegava gastava
Com as festas e mulheradas

Se preocupava de mais
O jovem Joaquim Simão
Só ele pra trabalhar
Era grande a precisão
Simãozinho Negociava
Vendendo lenha e carvão

Ele botava muita roça
E muito legume tirava
Porém ele não vendia
Tudo ele armazenava
Mas chegava muita gente
E tudo ali nada dava

Quando acabava o legume
Era sofrer e penar
Morria muita gente de fome
Sem ter o que se alimentar
Muitos escapavam comendo
Mucunan e croata

Todos procuravam José
Com choro e lamentação
Simão Zinho pegou
N a mão de Joaquim Simão
E foi procurar José
Por aquela escuridão

E entrou de mata adentro
Já tinha perdido a fé
Porque naquelas cascatas
Tinha muito Jacaré
Onça cobra e muito assombro
E mandou gritar por José

Simãozinho corrigindo a mata
Com muita garra e afoite
E Joaquim gritava muito
E o vento dava o assoite
Só ouvia a mãe da lua cantar
E o zumbido do zumbi da noite

De madrugada voltaram
Sem encontrar a criança

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